
Evento acontece nesta terça-feira (7), com debates, exibição de filmes e lançamentos de livros; inscrições estão abertas
Quando terminou, no ano de 1897, a Guerra de Canudos havia vitimado cerca de 25 mil sertanejos liderados por Antônio Conselheiro. O massacre de homens, mulheres, crianças e idosos partiu do próprio exército brasileiro. Na época, o governo via no povoado de Belo Monte e nas ideias de bem-estar social de Conselheiro ameaças à República em vias de implantação..
128 anos de memória e resistência
No dia 5 de outubro completam-se 128 anos do fim do conflito. No entanto, seu eco ainda reverbera, para que não esqueçamos, através dos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores do tema.
Muitos deles estarão reunidos na próxima terça-feira, 7 de outubro, das 14h às 19h. Assim, acontece o Seminário Belo Monte/Canudos: Perspectivas, Imagens e Narrativas, realizado pela Academia de Letras da Bahia (ALB).
Pesquisadores e especialistas se reúnem
O evento reunirá nomes como Aleilton Fonseca (ALB), Nelson Cerqueira (ALB), Décio Torres Cruz (ALB), Luiz Paulo Neiva (UNEB), Manoel Neto (UNEB), Lícia Soares (UNEB), Ignacio Azpeitia (UNEB), Adeítalo Pinho (UEFS), Marcos José (CETI), Antonio Olavo (Portfolium), Lula Oliveira (DocDoma) e Pola Ribeiro (MAB). Haverá debate, exibição de filmes e lançamentos de livros.
A resistência camponesa como marco histórico
A coordenação é do presidente da ALB, Aleilton Fonseca. “A resistência camponesa de Belo Monte/Canudos diante das invasões do exército da República Velha, em 1897, é um marco nas lutas do povo sertanejo por uma sociedade digna, justa e solidária. Por isso, esse fato deve ser sempre lembrado como exemplo para o presente e o futuro”, ressalta.
Repensando a história de Canudos
Autor de ‘O Pêndulo de Euclides’, no livro, ele propõe repensar as formas de tratar a Guerra de Canudos e a figura de Antônio Conselheiro. Segundo ele: “Na chamada ‘guerra’, que de fato foi um genocídio, as chamadas expedições foram verdadeiras invasões de soldados ao arraial/território camponês sertanejo.”
Ele continua: “Belo Monte era não um reduto de jagunços fanáticos, mas uma comunidade camponesa, protagonista do primeiro assentamento de sem-terras do Brasil, conduzidos pelo líder comunitário Antônio Conselheiro”. A obra foi premiada com a Medalha Euclides da Cunha pela Academia Brasileira de Letras (ABL).
Inscrições abertas e gratuitas
O seminário é ABERTO, GRATUITO, voltado para professores, estudantes e interessados no tema. Dessa forma, as inscrições já estão abertas e podem ser realizadas pelo Sympla ou pelo e-mail bmc@academiadeletrasdabahia.org.br. Com entrega de certificado.
A ALB tem apoio financeiro do Governo da Bahia, através do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), Secretaria da Fazenda (Sefaz-BA) e Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA). Além disso, conta com apoio da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).

Curta sobre o fim do massacre completa 20 anos e inspira livro
Entre as atrações, o curta ‘Na Terra do Sol’ merece destaque. Afinal, a obra do cineasta baiano Lula Oliveira celebra 20 anos em 2025. Baseado em ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, o trabalho reconstrói a trajetória dos últimos sobreviventes do conflito.

Do cinema para a literatura
A produção audiovisual inspirou reflexões acadêmicas. A partir dela, Marcos José de Souza escreveu ‘Na Terra do Sol, um Canto Agônico no Cinema Baiano’. De acordo com o autor, a obra, que será lançada durante o evento na ALB, “é um estudo, com sabores e saberes, dessa obra prima da cultura nacional.”
Nesse sentido, ele explica: “Partindo da obviedade que é a relação do filme com a história do Brasil em um dos seus momentos mais vergonhosos da vida desta aspirante a Nação, que foi o massacre do povo de Canudos, do Belo Monte. Busca, portanto, entendê-lo a partir desse binômio Cinema-História, fundidos no termo por mim, o Cinestória”.
O seminário não exibe apenas ‘Na Terra do Sol’. Além disso, será apresentado ‘Utopia’, documentário de Pola Ribeiro sobre a Semana Cultural de Canudos, promovida em 1997, ano da comemoração do Centenário da chegada de Antônio Conselheiro a Belo Monte.
A programação conta ainda com roda de conversa. O acadêmico Décio Torres Cruz comandará o encontro com os dois diretores e o cineasta Antonio Olavo, um dos maiores pesquisadores de Belo Monte/Canudos no mundo.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO

SEMINÁRIO BELO MONTE/ CANUDOS: PERSPECTIVAS, IMAGENS E NARRATIVAS
7 de outubro, terça-feira 14h às 19h
Local: Academia de Letras da Bahia – Avenida Joana Angélica, 198, Nazaré, Salvador-BA
Coordenação: Aleilton Fonseca
14h – ABERTURA
Leitura: O HOMEM DO FIM DO MUNDO – APOLOGIA AO HEROI SERTANEJO Nelson Cerqueira (ALB)
ARQUIVOS DA MEMÓRIA DE CANUDOS
Luiz Paulo Neiva (UNEB)
14h15 – BELO MONTE/CANUDOS NA PINTURA DE SILVIO JESSÉ – UMA VISÃO DE DENTRO DO SERTÃO
Aleilton Fonseca (UEFS/ALB)
14h30 às 16h – Mesa 1
BELO MONTE/ CANUDOS: TEMAS E NARRATIVAS NA PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA
Manoel Neto (UNEB)
Lícia Soares (UNEB)
Ignacio Azpeitia (UNEB)
Mediação: Adeítalo Pinho (UEFS)
16h15 às 17h45 – Mesa 2
IMAGENS E VIVÊNCIAS DE BELO MONTE/CANUDOS EM ROTEIROS, FILMES, DOCUMENTÁRIOS
Exibição de curtas
NA TERRA DO SOL
Ficção, 12 min., 2005
Direção: Lula Oliveira
Sinopse: Inspirado em ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, o filme conta a saga dos últimos sobreviventes da guerra de Canudos.
UTOPIA Documentário, 30 min., 1992
Direção: Pola Ribeiro
Sinopse: Registro da Semana Cultural de Canudos, promovida pela UNEB e pela Prefeitura Municipal de Canudos, no ano da comemoração do Centenário da chegada de Antônio Conselheiro a Belo Monte.
RODA DE CONVERSA COM CINEASTAS
Antonio Olavo (Portfolium)
Lula Oliveira (DocDoma)
Pola Ribeiro (MAB)
Mediação: Décio Torres Cruz (ALB)
18h – LANÇAMENTO DE LIVROS
– Na Terra do Sol – Um canto agônico no cinema baiano, de Marcos José (CETI Prof. Ana Mirena da Silva – Fátima/BA)
– Como se faz um deserto – Semiosferas do bioma caatinga, de Lícia Soares de Souza (UNEB)
– Canudos – Tomochic relatos de resistência e sublevação, de Ignazio Azpeitia (UNEB)
19h – Encerramento






