Evento acontece de quinta (27) a domingo (30), com programação ampla e gratuita
De 27 a 30 de novembro, Salvador recebe mais uma edição da Balada Literária da Bahia, que em 2025 celebra 10 anos, e presta homenagem à obra de Mãe Stella de Oxóssi (1925-2018), no ano do centenário da ialorixá baiana.
A literatura negra de diferentes autores e gerações será o grande destaque, estabelecendo uma relação entre o pensamento de Mãe Stella e os escritores que produzem e pensam a literatura negra contemporânea. Vão participar do evento cerca de 30 autores da Bahia e de outros estados.
Sarau Bem Black no Ilê Axé Opô Afonjá
A abertura será quinta-feira (27), às 19h, com uma apresentação especial do Sarau Bem Black no terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, no bairro de São Gonçalo do Retiro, saudando a religiosa, imortal da Academia de Letras da Bahia (ALB), e primeira ialorixá a entrar em uma academia de letras no Brasil.
O sarau vai reunir poetas residentes e convidados. A música ficará por conta do Duo Korapoema, formado pelo cantor e compositor Juraci Tavares e pelo músico Rick Carvalho, que constrói e toca a kora, instrumento musical africano que se assemelha a uma harpa-alaúde.

Responsável pela curadoria da edição baiana da Balada, e idealizador do Sarau Bem Black, o escritor Nelson Maca celebra a história do evento com a cabeça focada na próxima edição:
“É incrível pensar em tanta coisa boa que já aconteceu. Mas, agora, minha mente e meu coração se concentram no presente. Fazer o Sarau Bem Black, que abre o evento dos 10 anos, no Ilê Axé Opô Afonjá, homenageando Mãe Stella de Oxóssi no seu centenário, e tendo a benção de Mãe Ana de Xangô, consagra a Balada Literária na Bahia afro profunda. Serão quatro dias potentes de literaturas e artes, mas, para mim, pisar no barracão de cerimônia do Opô Afonjá é realizar um sonho do poeta preto que sou”.
Joel Zito Araújo estreia documentário e participa de debate na Biblioteca Central dos Barris

Sexta (28), sábado (29) e domingo (30), a Balada migra para o complexo da Biblioteca Central dos Barris, onde serão realizados bate-papos, lançamentos de livros, exibição de filmes, rodas de poesia e performances artísticas. Um dos destaques é a estreia do filme Cadernos Negros, do cineasta Joel Zito Araújo.
O documentário, que venceu o prêmio do público na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, conta a história da publicação homônima, criada nos anos 70 para dar voz à poesia e prosa de escritores e escritoras pretas. O filme traz depoimentos de importantes nomes da literatura negra, como Esmeralda Ribeiro, Cuti Silva, Miriam Alves, Conceição Evaristo e Oswaldo de Camargo.
A sessão acontece na Sala Walter da Silveira, às 10h, no último dia da Balada, com as presenças do diretor e roteirista Joel Zito e da escritora Esmeralda Ribeiro, uma das responsáveis pela publicação, que no ano passado chegou à edição 45. A sessão contará com bate-papo mediado pela cineasta Camila de Moraes.
“Cadernos Negros é parte de um desejo e esforço meu em contribuir para uma cartografia audiovisual da cultura negra brasileira, dando visibilidade a coisas fundamentais ignoradas pelo mainstreaming. Nele, buscamos mostrar a pujança da literatura negra brasileira, e da cena paulistana nos últimos quarenta anos”, afirma Joel Zito.
Escritos de Mãe Stella em painel com estudiosos de sua obra
As manhãs de sexta e sábado serão voltadas para o painel Odé Kaiodê, que irá debater os principais livros escritos por Mãe Stella. O sociólogo Fábio Lima, a historiadora Tomazia Azevedo, a pedagoga Iraildes Nascimento, a jornalista Cleidiana Ramos, a professora Lindinalva Barbosa e a escritora Anajara Tavares vão se debruçar sobre os livros ‘Meu Tempo é Agora’, ‘E Daí Aconteceu o Encanto’, ‘Ososi: O Caçador de Alegrias’, ‘Owe – Provérbios’, ‘Epé Laiyê’ e ‘Opinião – Artigos d´A Tarde’.
Já as mesas vão tratar do conceito de literatura negra, do acesso e combate ao racismo nas letras e das vozes e corpos divergentes na literatura nacional. Entre os autores de fora, estarão presentes Esmeralda Ribeiro (SP), Cristiane Sobral (DF), Juliana Correia (RJ), Jéssica Balbino (MG) e Paulo Scott (RS). Entre os baianos, estarão Samuel Vida, Hamilton Borges, Jairo Pinto, Anajara Tavares, Vércio, Fábio Mandingo e Jocélia Fonseca. Nos três dias, no início da tarde, haverá rodas de poesia, e após cada mesa, sessões de autógrafos.
Música toma conta da balada
A Balada termina com música, ao som de três cantores, compositores e instrumentistas que representam a diversidade da música brasileira:
- Del Irerê, com a força da canção e dos ritmos envolventes do Recôncavo
- Prince Áddamo, o reggaeman baiano
- Emerson Boy, piauiense que faz misturas sonoras, que vão do repente ao samba rock.
Influência da Balada Literária de São Paulo
A Balada Literária da Bahia é um desdobramento da Balada Literária de São Paulo, criada há duas décadas pelo escritor pernambucano Marcelino Freire e que esse ano conta com edições também no Ceará, Pernambuco e Piauí.
Marcelino estará presente em duas mesas em Salvador e comandará uma oficina literária no dia 2 de dezembro (terça-feira), no Espaço de Humanidades Ossos 21, na Rua dos Ossos, Santo Antônio Além do Carmo.
O evento tem apoio da Secretaria de Cultura do Estado, através da Fundação Pedro Calmon, e parcerias com o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia e Borboletas Filmes.
Para acompanhar tudo o que vai acontecer na Balada Literária da Bahia 2025, acesse o Instagram @baladadabahia.
PROGRAMAÇÃO
QUINTA-FEIRA 27/11
- 19h – Sarau Bem Black Especial – Mãe Stella de Oxóssi, no Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, com as presenças de Mãe Ana de Xangô, Emanuel Nascimento, Sandro Magalhães e convidados
SEXTA-FEIRA 28/11
- 9h30 – Abertura da programação na Biblioteca Pública da Bahia: Marcos Viana e Sandro Magalhães
- 10h – Painel Odé Kaiodê – Parte 1 – Fábio Lima, Tomazia Azevedo e Iraildes Nascimento
- 15h – Gira, Deixa a Poesia Girar, com Jairo Pinto e convidados
- 15h30 – Mesa: Quem tem medo da Literatura Negra? Cristiane Sobral, Hamilton Borges e Jairo Pinto
- 17h – Mesa: Direito, Antirracismo e Literatura – Paulo Scott, Samuel Vida e Nelson Maca
- 19h30 – Teatro Negro – Escarro Início, com Leno Sacramento, seguido de bate-papo entre Leno Sacramento, Cristiane Sobral e Ana Cristina Pereira
SÁBADO 29/11
- 10h – Painel Odé Kaiodê – Parte 2 – Cleidiana Ramos, Lindinalva Barbosa e Anajara Tavares
- 15h – Gira, Deixa a Poesia Girar, com Anajara Tavares e convidados
- 15h30 – Mesa Verso e Prosa Divergentes em Vozes e Corpos Diversos – Jocélia Fonseca, Jéssica Balbino e Vércio
- 17h – Mesa Apresento meu Amigo – Paulo Scott, Lima Trindade e Marcelino Freire. Participação especial de Julia Baranski, autora do livro As Prostitutas vos Precederão no Reino dos Céus, vencedor do prêmio Balada Literária e publicado pela Editora Nós
- 19h – Sessão de cinema Balada da Memória Afetiva, com os curtas-metragens A Bahia Abraça Vera Lopes e Construindo Poesias, de Ricardo Soares; Preto Pobre Poeta e Periférico e SP Solo Pernambucano, de Wilson Freire, seguindo de bate-papo com Ricardo Soares e Wilson Freire. Mediação de Camila de Moraes. Sala Walter da Silveira
DOMINGO 30/11
- 10h – Sessão de cinema: Lançamento do documentário Cadernos Negros, com as presenças do diretor, Joel Zilto Araújo, e da escritora Esmeralda Ribeiro, com bate-papo mediado pela cineasta Camila de Moraes. Na Sala Walter da Silveira
- 15h – Gira, Deixa a Poesia Girar, com Nelson Maca e convidados
- 15h30 – Mesa: Prosa e Poesia Preta – Fábio Mandingo, Esmeralda Ribeiro e Juliana Correia
- 17h – Mesa: Assim Pintou Pernambuco – Adrianne Myrtes, Wilson Freire e Marcelino Freire
- 19h – Show de encerramento com Del Irerê, Prince Áddamo e Emerson Boy (PI)
SERVIÇO:
Evento: Balada Literária da Bahia 2025
Quando: de 27 a 30 de novembro
Onde: Abertura no Terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, no bairro de São Gonçalo do Retiro; e Biblioteca Pública dos Barris e Sala Walter da Silveira
Entrada gratuita






