Inspirado na cultura afro-brasileira, principalmente na capoeira, o designer gráfico e
ilustrador Eddy Azuos criou “A Lenda do Badauê”, um cordel de 24 páginas que narra a
história de um super-herói capoeirista invocado para restaurar a paz em Salvador, assolada
por uma onda de violência inexplicável.

A obra, que mistura fantasia e elementos da cultura local, busca preencher uma lacuna na
representação de heróis negros no imaginário infantojuvenil. Segundo Azuos, a ideia surgiu
da necessidade de criar referências culturais afro-brasileiras para crianças e jovens, que
muitas vezes se inspiram em personagens estrangeiros.

“Eu sou oriundo de projeto social, estudei em uma Escola de Arte e Tecnologia e mesmo
vendo linguagens que dialogam com animação e construção de personagens, meus
colegas quase não se inspiravam nos traços da nossa cultura”, relata o autor. “Esse meu
incômodo me acompanha até hoje, que embora, em certa medida, já vemos muita gente se
inspirando, é preciso criar mais referências para que isso se torne um hábito”.

O cordel, que utiliza a métrica tradicional da literatura popular brasileira, apresenta o Moço
do Badauê como um símbolo de resistência e esperança em meio ao caos. A história,
embora ficcional, faz referência à memória do Mestre Moa do Katendê, capoeirista
assassinado em 2018, e à luta contra o ódio e a intolerância.

Para viabilizar a impressão dos primeiros exemplares de “A Lenda do Badauê”, Azuos
lançou uma campanha de financiamento coletivo online e já alcançou a meta dos primeiros
exemplares. O objetivo é levar a obra para as mãos de crianças e educadores, utilizando o
cordel como ferramenta pedagógica e de valorização da cultura afro-brasileira.
“Esse livreto precisa estar nas mãos de nossas crianças, não só porque a poesia é legal,
mas porque também tem ilustrações, serve como material didático para a galera da
pedagogia, que pode usar de diversas formas essa ferramenta”, afirma o autor.

Ainda não há previsão de lançamento do livro, mas a campanha de financiamento coletivo
representa um passo importante para tornar o sonho de Eddy Azuos realidade e levar a
história do Moço do Badauê para o público.

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