Notícias

Majur lança aguardado álbum “Gira Mundo” com 16 faixas inéditas

Por em em 19/05/2025 Atualizado em 29/05/2025 00:02

Cantora exalta a cultura afro-brasileira em disco, que faz ode à natureza

Foto: Ladeira / Lucas Marinho

Da resistência à cultura: o simbólico encontro entre os navios negreiros e o
reconhecimento da cultura africana no Brasil inspirou Majur a criar “Gira Mundo”, seu
mais novo álbum de trabalho, que foi lançado no dia 14 de maio, em todas as
plataformas de streaming. O disco, com 16 faixas em iorubá, explora uma estética
afropop contemporânea e se destaca pelo uso de instrumentos orquestrais, como
piano, baixo acústico, clarins e atabaques. Sob direção musical baiana de Ícaro Sá e
Ícaro Santiago, a cantora e compositora homenageia, em cada música, uma força da
natureza — os orixás, como são conhecidos no Brasil — com cantigas e mensagens.

Para Majur, o disco vem com a proposta de reconhecer as origens brasileiras. “Voltar
aos navios negreiros é resgatar a cultura africana no Brasil colonial. É entender com
profundidade essa diáspora tão presente e, ao mesmo tempo, tão silenciada. O
candomblé surgiu como um ato de resistência, pois o nosso país não aceitava outras
culturas e crenças. Quero, portanto, retornar esse contexto histórico e o reapresentar
através de uma nova narrativa com elementos futuristas e atuais da nossa história.
Afinal, eu acredito que o Brasil é um país plural e miscigenado, e reconhecer a cultura
afro-brasileira — sem preconceitos ou demonizações — é essencial para valorizar a
nossa própria identidade”.


Gravado na Bahia, o novo álbum de Majur tem como faixa foco “Iroko”, que significa,
tempo, no candomblé, a passagem das gerações e a força da natureza. “Estou usando
o tempo para demarcar a cultura no Brasil sob outro olhar, sob outra narrativa. Por isso,
eu escolhi a música principal do álbum como Iroko. Já que o tempo está acima de
todas as coisas e abaixo de Deus”, explica Majur. “Oxumaré e Ewá”, “Ibeji” e
“Oxalá” (última música da tracklist) são outros três destaques do disco.

“Gira Mundo” é o desfecho de uma trilogia, que amadureceu após um período de quase
cinco anos. Em seu primeiro disco de trabalho, “Ojunifé”, Majur abre a tracklist do
álbum com a música “Agô” e diz, em iorubá: “Lati Kori Agbara dos Orixás”, que
significa: “eu canto o poder dos Orixás” representando a sua iniciação no candomblé.
“Eu estava me reconhecendo e me conectando à religião, inclusive dentro de mim. Era
um processo de lagarta ainda”, diz ela, que em 2023 lançou “ARRISCA”, seu segundo
álbum da carreira, com uma mensagem de coragem e fé para se jogar no mundo.

Já nesse terceiro ato, Majur não quer só mostrar a sua potência musical, mas sim quer
desmistificar os preconceitos associados à sua crença. Tanto que no visualizer de “Gira
Mundo”, a cantora convida o público a conhecer como é um dia no terreiro e como ela
se conecta aos ancestrais, seus orixás. Despida de qualquer vaidade, Majur mostra a
cultura africana no Brasil e o poder da fé, em meio a tempos de incerteza. “Apesar de
evidenciar a intolerância religiosa e o racismo no Brasil, esse álbum não é sobre
religião. É sobre recontar a nossa história nos tempos de hoje. É sobre transformação e
conexão, informação para o povo, sem mais”, conclui a artista.

Ouça agora Gira Mundo!

Rafaele Libório

colunista

Publicitária, agitadora cultural e apresentadora. Apaixonada por comunicação e cultura baiana, fundou a Roda Cultural onde atua como diretora criativa, produtora de conteúdo, redatora, filmmaker, editora e em tudo que precisar, é o famoso: pau para toda obra.

Rafaele Libório escreve sobre Notícias